Inadequação e pertencimento: quando conviver parece pedir ajustes

Você já se sentiu um peixe fora d’água?

Em Ponte para Terabítia, a pequena Leslie Burke é considerada estranha por seus colegas de classe; ela se veste de roupas supercoloridas e fora dos padrões gerais, possui um caráter criativo e imaginativo que está acima da média e, ao contrário de todos os outros, não tem uma TV em casa, o que acaba se tornando motivo de zombarias.

Muitas vezes, o preço que pagamos por sermos fiéis ao nosso universo interior em sua autenticidade de manifestação é o estranhamento e desconforto que isso pode causar em contextos convencionais e o sentimento de não-pertencimento que fica em nós ao nos percebermos como esse elemento de estranheza.

O conto d’O Patinho Feio também nos remete às angústias que a percepção de inadequação ou leitura de não pertencimento é capaz de suscitar em nós. É isto o que abre ao Patinho uma jornada de buscas e desafios, a fim de se compreender em sua diferença e histórico de rejeição.

Eventualmente, o Patinho Feio se descobre Cisne, e o adjetivo que lhe caracterizava perde sua razão de ser, pois agora, no encontro com seus semelhantes, o cisne reconhece da sua própria beleza nesses outros de seu entorno também.

Assim como acontece no filme Ponte para Terabítia, em que a Leslie encontra e se reconhece no Jess, um rapazinho igualmente criativo e imaginativo, mas que se vê soterrado pelas demandas de sobrevivência e pragmatismo que enfrenta a sua família devido às suas escassas condições financeiras.

No livro O Caminho dos Sonhos, quando perguntada sobre “Por que é que tão pouca gente segue a sua própria estrela? Por que ela é um fardo tão pesado?”, a Marie Louise von Franz responde o seguinte:

“Porque seguir a própria estrela quer dizer isolamento, não saber para onde ir, ter que descobrir um caminho completamente novo para si mesmo em vez de simplesmente seguir o mesmo caminho pisado que todos usam. É por isso que o ser humano sempre teve uma tendência a projetar o aspecto único e a grandeza do seu ser interior sobre personalidades exteriores e a tornar-se seu servo, seu devotado servo, admirador e imitador. É muito mais fácil admirar uma grande personalidade ou tornar-se discípulo ou seguidor de um guru ou profeta religioso, ou admirador de uma grande personalidade oficial – o presidendo dos Estados Unidos – ou então viver a vida a serviço de um general que você admira. Isso tudo é muito mais fácil do que seguir a própria estrela”.

Me pego pensando quanto de nós mesmos ignoramos a fim de evitar a angústia de se sentir destoante, um estranho, de não se ver entre pares, para não se sentir inadequado, para não se sentir rejeitado e até mesmo para não sermos a diferença que gera risos, zombarias, bullying no contexto escolar, fofocas e burburinhos em quaisquer outros contextos, desde o trabalho ao ambiente familiar.

No entanto, não estaria lá, nisso que tentamos assiduamente tamponar, maquiar, tratar com melindres, não estaria nisso pelo que tantas vezes nos sentimos inadequados, um pouco ou tanto do que nos põe sim numa jornada às vezes desafiadora de sustentação do nosso próprio caminho, do nosso próprio modo de dar nossos passos, mas uma jornada igualmente compensatória, que nos aproximaria dos que estão alinhados ou preparados para nos receber naquilo que somos? E, talvez ainda mais importante, na jornada que nos lapida para sermos nós mesmos, um tanto mais a cada vez?

Afinal, para considerarmos que algo é inadequado, precisamos antes de um referencial: inadequado em relação a quem, a quê? O que pode aliviar a pressão de se sentir inadequado é lembrar de também questionar e provocar os nossos próprios referenciais. O que você está tomando como referência quando se sente esquisito e inadequado? Vale a pena pensar sobre isso.

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