Estudo contínuo: o insuficiente imprescindível

Estudar é insuficiente, porém estritamente necessário.

Tornar-se psicóloga é praticamente assinar um casamento com os estudos, inclusive porque não podemos nos separar completamente do nosso objeto de estudo e cuidado. É nosso próprio psiquismo que está sob pesquisa e isso importa ser considerado quando falamos em ciência psicológica.

Não por acaso, estar sempre estudando ainda é insuficiente, no sentido, inclusive, de que há algo de individual que não é possível ser acessado através das generalizações e vice-versa. Portanto, cada pessoa que chega em análise precisa ser ouvida no esforço de suspensão daquilo que já conhecemos, despida de nossos pré-conceitos e generalizações, ainda que científicos.

Afinal, como já vimos, a ciência psicológica conta com a especificidade de sermos nós mesmos os objetos que nos propusemos a estudar. A complexidade do psiquismo não deve ser simplificada, tratada com a pressa de quem deseja ter finalmente descoberto “a verdade que funciona”, pela ânsia de tamponar as angústias da nossa limitação.

“As contradições em qualquer ramo da ciência comprovam apenas que o objeto da ciência tem propriedades, que por ora só podem ser apreendidas através de antinomias; como a natureza ondulatória e corpuscular da luz. Só que a psique é de natureza infinitamente mais complicada que a luz, razão certamente do grande número de antinomias necessárias à descrição satisfatória da essência do psiquismo”.

Assim como a antimonia “o individual não importa perante o genérico e o genérico não importa perante o individual”, convivemos diariamente com outros de nossos paradoxos e complexidades para os quais, convenhamos, não temos resposta definitiva. Sinto-me humildemente curiosa e engatinhando diante das fontes de conhecimento sobre a psique humana, assim como me sinto diante de Alguém, seja quem for, em suas minuciosas particularidades e convenções.

Mas também, ou principalmente, seguir suatentando o espanto e a desconfiança diante daqueles que ostentam ter descoberto a verdade única sobre as humanidades, ainda que sob alguma legitimidade científica, pois há infinitamente mais por desenvolver do que o que já temos desenvolvido. Há, inclusive, muitas respostas incipientes sendo tratadas como absolutas.

Estudar a psique é insuficiente para tudo saber, embora estritamente necessário para caminhar com o que já se sabe; é um exercício disciplinado de investigação ao que, reconheçamos, quanto mais nos dedicamos, menor é a pretensão de tê-lo dominado. Desconfie de quem promete tê-lo feito.

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