A partir da Psicologia Analítica (também chamada de Psicologia Profunda ou Complexa) desenvolvida por Carl G. Jung, utilizo o método dialético e de análise dos sonhos como basilares para o processo psicoterapêutico. A seguir, trago uma simplificação do que significam esses meios de trabalho, a fim de introduzir e facilitar a compreensão. O método dialético consiste em uma disposição horizontal na dinâmica de atendimento clínico, buscando “confrontar as averiguações mútuas” a fim de “produzir novas sínteses”, com o analista atuando “em favor da atitude menos preconcebida possível” e se pondo “em pé de igualdade com aquele que ainda é considerado o paciente” (excertos do livro A Prática da Psicoterapia). É fundamental que haja a compreensão de que o setting terapêutico se faz de dois sistemas psíquicos em interação, coprodutores dos efeitos que dali se provocam, cuja máxima inteireza deve ser norteadora do vínculo entre ambos. É também por isso que nos dedicamos, no percurso clínico, à interpretação do material onírico, pois compreendemos os sonhos em sua riqueza simbólica produzida pelo inconsciente. Como bem aponta a Marie-Louise von Franz, “se tentarmos compreendê-los com o mínimo de preconceitos, poderemos descobrir o que o nível psíquico mais profundo daquela pessoa tem a lhe dizer sobre si mesma. (...) Portanto, a análise consiste em educar as pessoas a conseguir ouvir a voz interior e a segui-la com o auxílio dos sonhos”, possibilitando, assim, o respeito e incentivo necessários à própria natureza do sonhador e analisando.